Sua origem era desconhecida no início e houve certo ar de preocupação por parte dos moradores locais com aquela visita inesperada, pois não havia nenhum parente da mulher misteriosa na região.
A mulher desconhecida chegou até Baixa do Cajueiro em um transporte chamado misto (mistura de caminhão e ônibus) que fazia horários aos sábados para a feira em Castelo e resolveu descer quando o carro parou para outras pessoas entrarem.
Qual não foi a surpresa de todos, a mulher seguiu a pé em direção aos Picos dos André e depois andando pela região resolveu ir pelo mato mesmo encontrando uma furna (como os caçadores chamam cavernas) onde parou e fez sua estada.
Populares que também usavam os caminhos percorridos pela tal mulher a encontraram descansando próximo ao Salão dos índios, um complexo de formações rochosas e sítios arqueológicos da comunidade.
Mesmo receosos os primeiros contatos foram amistosos e a mulher que falava em tom de voz sereno, disse que se chamava Santina e que era natural da Boa Terra (Bahia).
Santina era uma mulher cafuza, descendente da miscigenação entre índios e afrodescendentes. Destemida e corajosa, não tinha medo de animais ferozes nem tampouco de pessoas, pode se dizer que era uma verdadeira mateira, com muitas habilidades conseguia sobreviver no mato sem maiores dificuldades.
Com o passar do tempo foi conquistando a simpatia e a amizade de todos e acabou por despertar o interesse de um jovem rapaz (preservaremos aqui a identidade de seu pretendente porque ele é uma figura conhecida e quase todos os dias está em um dos mercados públicos da cidade conversando com amigos) que acabou sendo seu companheiro e marido por um bom tempo.
Nos primeiros anos o casal morava na própria furna vivendo como o homem primitivo, da caça e da coleta de frutos, como gostava Santina, passando depois a morarem em uma casinha simples de barro sem reboco, a famosa casa de taipa, nos Picos dos André.
Depois de mais ou menos 15 anos juntos, houve um desentendimento na família e o casal acabou se separando. Santina assim como chegou, pegou todos de surpresa com sua saída repentina da comunidade, foi embora sem deixar rastro para nunca mais voltar, ficando apenas a lembrança do seu jeito simples e humildade e da convivência pacífica com todos.
Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.
Colaboração: Carlos Henrique Almeida.
4 Comentários
E a baiana não teve filhos???
ResponderExcluirNão Zeze.
ExcluirBaiana arretada
ResponderExcluirAdorei o blog! ❤️
ResponderExcluir