No Brasil Colônia, nos séculos XVII e XVIII, os tropeiros tinham uma grande importância econômica. Além de condutores de mulas eram também comerciantes, fazendo o comércio de animais (mulas e cavalos) e também de alimentos.

O início de nossa história

O ano era o de 1968 e a história que iremos contar é a de um grupo de jovens cearenses destemidos que partiram da cidade de Novo Oriente CE com destino à Lago da Pedra MA onde levariam uma tropa de 30 burros (animais de carga). Os animais foram encomendados por Filó Cabral, rico fazendeiro cearense que também tinha negócios no Maranhão.

Os responsáveis por levar a tropa de burros eram quatro jovens da região, dentre eles, Pedro Lourenço de Lima "Pedim" nascido no povoado de São Gonçalo em Quiterianópolis CE e residente em Castelo do Piauí desde 1984. O percurso foi feito no lombo dos animais durante 24 dias. As dificuldades foram maiores no início mais depois que os animais se acostumaram na estrada, tudo transcorreu bem.

Como desbravadores esses incansáveis homens dormiam e faziam suas refeições no mato mesmo com todas as adversidades do clima e de ter que lutar as vezes com animais ferozes durante à noite. Também dormiam nas fazendas quando lhes davam abrigo.

O trajeto que teve saída em Novo Oriente CE teve passagens por São Miguel do Tapuio, Santa Cruz dos Milagres e Água Branca no Piauí e algumas cidades maranhenses como Caxias, Piritoró e a chegada em Lago da Pedra.

Histórias da viagem

Nas paradas para o pernoite acontecia sempre a contagem dos burros e vez por outra faltava um ou mais animais. Quando isso acontecia o jeito era voltar e procurar em meio à vegetação fechada e desconhecida por eles, sendo dia ou noite.

Na vez em que pararam para descansar em uma fazenda no Morcegueiro, zona rural de São Miguel do Tapuio, faltou um dos burros, porém qual não foi a surpresa e para a sorte dos viajantes, o que havia sumido era justamente o que estava com um chocalho, onde com a ajuda de um morador local, foi facilmente encontrado.

No percurso passaram por algumas "Cancelas", os postos ficais de arrecadação de hoje que ficam nas estradas. Ao chegar ao Maranhão um guarda com fama de valente e durão quis implicar com os tropeiros.

O guarda quis impedir que eles seguissem viagem, sempre com um revólver 38 na cintura, se achava o valentão. Um dos destemidos jovens foi até o guarda e lhes apresentou às notas da carga e disse que bala trocada não doía, imaginem a reação do guarda que se achava o mais forte por causa da arma que carregava.

A turma do deixa disso, primeiro observou a cena e depois que o negócio parecia chegar as vias de fato  entrou em ação e os ânimos foram acalmados depois de uma uma longa resenha. Após isso os tropeiros seguiram seu destino de viagem.

Depois do entrevero os tropeiros em fim chegaram à cidade de Lago da Pedra no Maranhão e lá receberam os pagamentos por seus valorosos serviços. Segundo o Sr Pedro foi uma boa quantia em dinheiro na época que deu para comprar muita coisa.

Texto: Augusto Júnior Vasconcelos
Informações: Pedro Lourenço de Lima.