De acordo com os mais antigos moradores da região de Picos dos André que fica na zona rural de Castelo do Piauí, uma onça aterrorizava a comunidade, primeiro começou matando os animais para comer e saciar sua fome.
Até aí tudo bem, já que é natural da cadeia alimentar e por ser um dos mais ferozes de nossa fauna. Porém não se contentando, passou também a atacar as pessoas, criando pânico em toda a vizinhança da comunidade que dista apenas 22 km da sede do município de Castelo do Piauí.
O medo tomou conta dos populares que os fizeram recorrer ao destemido Aleixo, pedindo ajuda ao famoso caçador que morava em uma das “furnas” da região, um mateiro na acepção da palavra, tendo uma de suas habilidades justamente a de capturar onças.
O hermitão que não fugia de desafios saiu para caçar a tal onça encontrando-a depois de certo tempo no mato. Experiente que era, começou a monitorar os passos do animal selvagem sendo testemunha ocular de vários ataques e invertidas dela sobre algumas presas que sequer tiveram tempo para reação.
O ano não se sabe qual era, acho que há uns 50 anos atrás, Aleixo saiu novamente e desta vez com ajuda de uma tropa composta por outros moradores e um jovem caçador que se inspirava no hermitão. O objetivo, claro, era o de capturar a onça que tanto medo fazia a população.
Numa noite escura, à beira do açude, enquanto esperavam, escutaram passos de quebra-folhas em volta do acampamento que foi montado com madeira e palmeiras do lugar. Havia, além da luz de lampião, também a da fogueira. O barulho fora do acampamento que podia ser de um animal feroz começou a incomodar e a assustar parte da guarnição.
Deve ser um animal grande, disse um. Pelo barulho é caititu fora da manada, disse o outro. Que nada, disse Aleixo, é a onça esperando um de nós sair para ela atacar. Ela não nos ataca por causa da luz. O cachorro perto do fogo grunhia sem parar.
Aleixo dizia ver os olhos famintos do animal e pediu pra não atirarem nela ainda. Ela deve ter sido atraída pelo cheiro de comida que eles faziam no mato. A onça esturrou forte, aterrorizando o acampamento.
O medo era tão grande que até os grilos pararam de cantar. Quando o experiente caçador se preparava para atacar de surpresa a onça, nisso o jovem assustado com tudo aquilo, fez um disparo para desespero de todos, inclusive do animal que se viu sem saída e partiu para o confronto.
A onça veio furiosa, correndo e quebrando paus no peito, numa velocidade jamais vista. De repente deu um salto longo como se seus pés tivessem molas. Todos procuraram em meio à vegetação fechada e qual não foi à surpresa, o animal não estava mis lá.
Os cachorros que os acompanhava começaram a latir desesperadamente e a tropa ficou em posição para alvejar o temido animal, depois de tiros e uma perseguição desenfreada, a onça foi vista próximo ao Ninho do Urubu (uma das muitas formações rochosas do lugar) saltando em alta velocidade, errou o cálculo para atravessar de um lado para o outro do paredão, acabou se chocando com a rocha, morrendo ali mesmo.
Devido ao forte impacto, acabou ficando seu rosto na rocha, posteriormente petrificado como os caros leitores veem na imagem abaixo. Aleixo mesmo não tendo acertado o animal, saiu mais uma vez como o herói da comunidade, que passou a ter dias de paz novamente.
Texto : Augusto Júnior Vasconcelos.
Fonte: Carlos Henrique Almeida.
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