O tempo era o do cangaço e a história se passou no interior do Ceará no povoado de Amauçu. “O povo falava que os cangaceiros tinham passado por aqui e diziam eles que iriam acabar com a festa...”. Foi assim que Raimundo Isidoro começou a contar à história que sempre ouviu dos mais velhos.
Nas festas no interior de antigamente, os sertanejos mais valentes, acabavam as festas antes que elas chegassem ao seu final. Certa vez Carlos Leite, rico fazendeiro da região organizou uma brincadeira na sua casa. Uma matinê e uma tertúlia, uma espécie de festejos para entreter as pessoas do lugar. Forasteiros que andavam nas proximidades do povoado de Amauçu, mandaram avisar que à meia noite acabariam com a festa.
Sabendo do recado dos forasteiros, o Sr Carlos Leite se preparou para o aviso que recebeu. Para isso foi até a cidade, avisou a polícia, que mandou dois soldados, contratou ainda mais dois homens para fazer a segurança,.
Um era o destemido André, morador do vizinho povoado Cavaco e com fama de ser bom na briga de faca. O outro era o corajoso Isidoro, pai de Raimundo, personagem que nos contou essa história.
A Festa
A festa transcorria dentro da normalidade, mesmo com o boato de que seria acabada por valentões de fora. Com animação os músicos tocavam seus instrumentos como o violino, o acordeom, o zabumba e o pandeiro.
A cada volta do ponteiro do relógio um misto de sensações se passava na cabeça das pessoas presentes na festa, como o medo e a apreensão.
Pontualmente como o prometido os homens chegaram. Sem temer qualquer tipo de reação os homens do tal bando caminharam em direção aos músicos e deram a ordem para que eles parassem de tocar. Obedientes os músicos assim fizeram e pararam de tocar.
A "guarnição" que esperava, disfarçada de porteiros foram ao encontro deles. Daí o tilintar de espadas (entenda-se facas) começou a ecoar, o típico fole de sanfona, bico de gaita, (nomes de golpes de faca).
Os primeiros a correrem e a se embrenharem no mato foram os dois soldados, quando viram que os homens não estavam para brincadeiras. Dizem que um dos soldados entrou em uma mata de carrapicho e para tirar os carrapichos de sua farda, demorou mais de uma semana.
Mesmo sem está com medo, Isidoro aguentou um pouco mais que os soldados, mas quando viu que os cabras eram invencíveis, também correu e fugiu.
Quem ficou mais tempo lutando foi o destemido André, acostumado a brigar de faca, enfrentou o bando de igual para igual. Mas teve que fugir porque estava muito ferido, cortado em alguns lugares do corpo caindo perto de uma bananeira.
Mesmo com toda essa fama de acabar com as festas nos interiores, os tais forasteiros não matavam as pessoas com quem eles brigavam e tudo aquilo não passava de uma diversão.
Texto: Augusto Júnior
Vasconcelos.
Fonte: Raimundo Isidoro.
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