Por ser idolatrado pelos muitos sertanejos que admiram sua irreverência e jeito simples com que lidava com sua fama, o Blog do augusto Júnior não poderia deixar de homenagear e presentear seus leitores com uma entrevista exclusiva com um músico castelense que teve a honra de se apresentar ao lado de Luis Gonzaga.


Parafraseando Euclides da Cunha, “O sertanejo é antes de tudo um forte, e tem na religiosidade a sua fé” e o gosto pela diversão através de músicas que influenciaram toda uma geração, como o xote, o maracatu e o baião.

E foram esses ritmos que influenciaram o então jovem Gonçalo Soares Neto, o nosso querido Gonçalinho do Acordeom. Conheça a história desse personagem castelense que mesmo com seus 71 anos de idade ainda se apresenta pelo sertão a fora tocando as músicas do seu ídolo e inspirador.

Gonçalo Soares Neto nasceu em 1941 na Localidade Tranqueiras, município de Castelo do Piauí à época, hoje pertencente a Buriti dos Montes. Filho adotivo do lavrador Manoel Soares de Sousa e Margarida Rodrigues de Mesquita, pai de Francisco Antônio Soares (Chico Antônio da Spa Sat).

O seu gosto pela música começou em 1958 quando ainda adolescente e inspirado nas cantigas de Luiz Gonzaga, seu ídolo musical, começou a tocar sanfona.

Em 1965 chegou a Castelo e, ao lado dos amigos Francisco Araújo, conhecido como “Chico Caraoi” e o saudoso poeta Antônio Maria, formaram o Trio Estrela do Forró, que animava as festas nos interiores, onde eram muito requisitados para tocar o tradicional forró de pé de serra.

Encontro com o Rei do Baião

Luiz Gonzaga veio para a vizinha São João da Serra, cidade a 60 Km de Castelo do Piauí, em 1982 para se apresentar em uma festa de inauguração de um clube na Fazenda Paraíso, de propriedade do agropecuarista Manoel Dantas.


Alguns forrozeiros da região participaram daquela festa, e um deles foi Gonçalinho do Acordeom, que roubou a cena e encantou Luiz Gonzaga com seu jeito simples e irreverente, sempre muito bem humorado, pra surpresa do Rei do Baião que dava boas gargalhadas com as peripécias do seu grande fã.

Momentos antes do seu show, o ídolo fez um desafio ao castelense, perguntando em quantas partes se divide o acordeom.

Prontamente Gonçalinho respondeu que se divide em crave de sol e fa. Gonzagão retrucou desafiando-o a abrir sua sanfona e ele, espirituoso e astuto que é, pegou o instrumento, abriu e por sua iniciativa já tocou um forró.

Com os olhos marejados pelas lembranças do passado, Gonçalinho contou algumas passagens engraçadas do show.

Por exemplo, quando Gonzagão perguntou ao público quem queria “a do jumento”, utilizando-se do duplo sentido para fazer referência à famosa música Apologia Ao Jumento (O Jumento É Nosso Irmão). Enquanto alguns do público gritavam “eu, eu”, o músico usou seu bordão “sai pra lá mangangá”. Isso roubou muitos risos dos presentes.


Quando teve a oportunidade de subir ao palco, Gonçalinho fez um desafio, como gosta de contar: “LuizGonzaga, no Rio de Janeiro você é aclamado Rei do Baião, mas na Fazenda Paraíso, eu canto e grito e ninguém mete o bico”. Gonzagão deu risadas e ouviu seu fã cantar as músicas “A Letra i – Cartinha Fechada”, “A Mulher do Sanfoneiro – Forró do Quebra Pau”, dentre outras.


Quem fez os contatos para aquele show de Luiz Gonzaga em São João da Serra, foi o senhor Rui do Rêgo Barros, que era amigo de Luiz Gonzaga e o trouxe pessoalmente para a festa. O zambumba da foto foi o da festa em São João da Serra e hoje está exposto no Museu do Tito.

Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.

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