O personagem dessa história era natural da cidade de Pacajus no Ceará e era casado com Rosalda Maria da silva, também cearense. Seu nome era Vicente Augustinho de Paula “Mestre Paula” ficando assim conhecido por causa de seus ofícios na carpintaria e marcenaria onde passou a ser um dos profissionais mais requisitados de sua região.
Antigamente as pontes eram feitas basicamente de madeira e pedras sendo depois feitas de outras formas, principalmente a partir da I Revolução Industrial. Já no século XIX, foram desenvolvidos outros sistemas estruturais em ferro fundido e posteriormente substituídos pelo aço. Atualmente é utilizado além do aço o concreto armado e outros materiais.
A história da construção das pontes de madeira em Castelo
Ponte de Madeira do Rio Poti
A ponte de madeira pode ser construída para receber tráfego de pedestres, ciclistas, além do tráfego rodoviário. Em um passado não muito distante os únicos materiais disponíveis para a construção de pontes eram a madeira e a pedra. A madeira era uma escolha óbvia nos lugares próximos das matas.
Com o passar do tempo à construção de pontes ganhou novas técnicas e métodos e se tornaram cada vez mais sofisticados. Assim, a madeira assume uma importância como um material de construção bom e versátil além de ser disponível em quase todos os lugares.
Graças à resistência, a madeira passou a ser um dos materiais mais utilizados para a construção de pontes de grandes civilizações da história como os gregos, romanos e chineses. A principal tarefa de uma ponte de madeira, claro, é a de conectar dois pontos separados por um obstáculo, no caso de nossa história, o majestoso Poti.
Em abril do ano de 1942, Mestre Paula veio ao Piauí pela primeira vez para fazer um orçamento de uma reforma na ponte de madeira do Rio Poti na PI 115 que ligava as cidades piauienses de Campo Maior a Castelo do Piauí, na época chamada ainda de Vila de Marvão. A citada reforma só veio a ser finalizada no final de setembro de 1942.
Já no ano de 1957 um período de chuvas longo e com grande índice pluviométrico tanto na nossa região quanto nas nascentes do Poti que ficam localizadas na cidade de Quiterianópolis, no Ceará, no mês de abril uma grande enchente, derrubou e carregou a então ponte de madeira reformada na década de 40.
O então engenheiro Dr. Henrry foi designado para ser o responsável pela construção da nova obra. Nova porque foi literalmente começada do zero e desta vez a ponte seria ainda maior do que a anterior.
Mestre Paula foi novamente chamado para ser o mestre de obras daquela importante via de acesso. O mestre comandou uma turma grande de 57 carpinteiros por dias a fio fazendo chuva ou sol em um trabalho árduo e exaustivo tendo seu início em meados de 1957 e o seu término em dezembro de 1958.
O pernoite bem como a estada da turma e suas respectivas refeições eram feitas ali mesmo em um acampamento erguido para a realização da obra e para armazenar todo o material da construção.
Dr Henrry ficou muito contente e satisfeito com o resultado da obra e pelos bons serviços prestados e empenho de todos. Como recompensa a uma promessa feita a Mestre Paula, o engenheiro convidou este para fazer um passeio de avião pelo litoral nordestino, onde passaram por Salvador na Bahia e por Parnaíba e Luís Corrêa no Piauí. O passeio de avião na época era uma novidade para poucos e Mestre Paula foi premiado com a viagem que teve duração de oito dias para um descanso merecido diga-se de passagem.
Ponte de Madeira do Rio Cais
Em novembro de 1942, Mestre Paula foi outra vez chamado para mais uma obra, esta a da ponte do Rio Cais principal ligação entre o bairro Piçarra e o centro da Vila de Marvão bem como para a algumas fazendas e localidades na zona rural do município e com São Miguel do Tapuio.
Nesta obra o engenheiro era o Dr. Areolino também cearense de nascimento e já conhecido de Mestre Paula, que inclusive haviam trabalhado juntos na primeira reforma da ponte de madeira do Rio Poti.
A construção da ponte do Rio Cais teve duração aproximada de um ano tendo sua sido a sua conclusão em outubro de 1943. Experiente com o trabalho anterior, Mestre Paula se notabilizou no oficio e se tornou referência quando o assunto era construção de pontes de madeira, era um homem inteligente e ao mesmo tempo criativo, principalmente para aquela época com poucos recursos de trabalho disponíveis.
Ao final da obra Francisco Aristides, que era irmão do engenheiro da obra, fez um convite ao Mestre Paula para que ele ficasse na região e fosse o encarregado de administrar sua propriedade na zonal rural da vila onde, uma fazenda onde hoje é a Fazenda Cocos, próximo do povoado Palmeirinha.
Mestre Paula faleceu em fevereiro de 1990 aos 84 anos de idade e deixou 12 filhos: Olavo, Osmar, Odete, Otacy, Lucy, João, Lurdinha, Francisco, Helenilda e Helena (gêmeas), Roseny e Teresa.
Para quem não conheceu Mestre Paula, era pai de dona Helenilda, mãe dos irmãos Eldo Lima e Jota Valdo, pessoas amigas e conhecidas em Castelo do Piauí, além de tantos outros netos e bisnetos que se fôssemos citar aqui talvez não caberia nesta pequena narrativa por serem muitos.
Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.
Colaboração: Helenilda Helena da Silva (filha) e Danilo Lima (bisneto).
Fotos: arquivo da família.
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2 Comentários
Parabéns! Por favor continua registrando essas histórias. O Piauí é muito carente disso.
ResponderExcluirObrigado Daniel.
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