Pode marcar e convidar a galera que domingo é dia de jogo no campo do Beira Rio. Se você mora na Baixada e gosta de futebol, certamente, já ouviu falar da rica e gloriosa história do Beira Rio Futebol Clube, muito provavelmente, os de mais idade, já até compareceu aos campos de nossa cidade para torcer pelo representante do bairro.

Mas se você não é morador da Baixada e não conhece a história do time, o Blog do Augusto Júnior irá contar mais essa bela história do esporte bretão de nossa cidade.

O cenário dos jogos era feito de forma amadora, o típico futebol de várzea, porém na hora da bola rolando as disputas pareciam ser entre profissionais haja vista as rivalidades dentro de campo e a paixão dos torcedores pelos times. No futebol amador, os torcedores dos clubes profissionais driblam as diferenças e se misturam formando um só grupo: o dos amantes do time que representa seu bairro.

Os times amadores surgem nos bairros e criam uma relação de afeto com os moradores e representam perante a cidade. No caso do Beira Rio, além de um grupo de amigos do bairro, a base era formada por famílias, sendo a maioria dos jogadores, parentes.

O início do Beira Rio

A união de um grupo de amigos no início dos anos 80 deu origem a primeira formação do Beira Rio FC, tendo a frente os irmãos Adelino Neto e Fernando, filhos do saudoso Albertino Soares Cavalcante (In memorian) “Betin”.

Já no começo de sua história o Beira Rio tinha um bom time, com uma formação que disputava os campeonatos no mesmo nível dos seus rivais, inclusive ganhando torneios importantes. Na época os principais campeonatos de futebol em Castelo eram disputados no Campo da Rua (bairro centro) próximo de onde é a Castelo FM e a escola Eulina Campos.

A Formação do Time

Muitos jogadores vestiram e honraram as cores azul e branca do Beira Rio, certamente não conseguiremos citar todos, mas vale mencionar aqui alguns deles: Adelino Neto, Fernando, Toberto, Nanico, Gilmar, Gilson, Ernandes, Arnaldo, David Soares, Adão, Coimbra, Irismar (Serra Pau), Evandro do Nagibe, Adalberto, Codó, Cícero Cardoso, Renato, Benite,  Vandeco, Etivan (goleiro), Toin Vitor, Airton Moreira, Jorge Moreira, Tiribizil, Agripino, Curupira (goleiro), Niltin, Fernandinho, Sampaio Filho, Pereira, Carlos Barrua, Machado Neto, Júnior do Zezé dentre muitos outros.

Bons jogadores passaram pelo Beira Rio que no seu auge era um time que entrava como favorito a ganhar os títulos, sempre forte e bom tecnicamente. O sistema defensivo era seguro, com dois zagueiros de boa estatura, laterais bons tanto no apoio ao ataque quanto na recomposição, havia no meio uma dupla de bons volantes na contenção e jogadores com técnica refinada na distribuição das jogadas e saídas de jogo com passes precisos que municiavam os atacantes que eram verdadeiros goleadores, um deles o artilheiro Toberto, exímio finalizador. Temos que também mencionar aqui o nome do torcedor símbolo do Beira Rio, o irreverente, Isaías, zangado toda vida mais gente boa demais.


O Beira Rio também disputou torneios de futsal onde montou um verdadeiro esquadrão. Os goleadores Toberto  e Machado Neto eram os artilheiros, que também contava com  Renato do Banco do Brasil, Gilmar Soares, Adalberto do Josué e Codó. Desse jeito ficava difícil para os adversários.

Uma das formações que mais se destacou, foi uma que ganhou alguns torneios em Castelo e que representou a cidade em uma competição interestadual, a antiga Copa JVC, organizada pelo departamento de esportes do Grupo Claudino. A competição reunia times amadores do Piauí e era dividida por regiões que no caso do Beira Rio, jogava contra o Gama de Juazeiro do Piauí, Guarani de São Miguel do Tapuio e o Trilhão de Campo Maior, onde teve uma boa participação mesmo não sendo campeão.

A Fama de Beira Briga

O time ganhou também a fama de brigões porque alguns jogadores não levavam desaforos para casa e chegavam às vias de fato dentro de campo em jogos que eram uma verdadeira Guerra de Titãs. Com a ajuda da turma do deixa disso as coisas voltavam a sua normalidade de costume, por isso os torcedores adversários chamarem de Beira Briga.

O Fim do Beira Rio FC e a origem da Baixada FC

Como aconteceu com outros clubes de Castelo, os atletas do Beira Rio também tiveram que deixar a cidade com destino à São Paulo em busca de trabalho e melhores condições de vida. Daí surgiu formações com outros nomes, primeiro foi o Açude Várzea FC, composto pela junção de jogadores interioranos com os do bairro agora chamado de Baixada. Todos esses times foram o embrião para o que é hoje a Baixada Futebol Clube, um dos maiores vencedores do futebol castelense na atualidade.

Diferentemente do que acontecia naquela época em que se jogava por mor a camisa, hoje em dia o futebol amador está semi-profissional. Não se encontra mais gente disposta a jogar simplesmente por amor o time, sem ganhar nada. Os times amadores se mantém na ativa por causa da insistência dos amantes do esporte e principalmente contando com a ajuda da comunidade e de alguns parceiros que de torcedores passaram a ser também apoiadores com ajuda financeira.

Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.

Fonte:Adelino Neto.

Fotos: Arquivo do Adelino Neto.

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