Oriundo de uma das mais tradicionais famílias da Vila de Marvão, Gentil Newton de Araújo Cardoso foi um rico fazendeiro e próspero comerciante com muitos negócios em nossa região e no vizinho estado do Ceará. Dentre suas fazendas uma das que mais produziam e se destacava era a Fazenda Brotas, distante pouco mais de 12 km da sede do município.

Gentil era dono de vendas na pequena vila, lojas que eram abastecidas de tudo, vários produtos como, secos e molhados, utensílios para o lar, ferramentas para o homem do campo dentre uma série de itens.

Vindo de uma família tradicional e por ter muitas posses, Gentil foi nomeado intendente, equivalente ao cargo de prefeito na época, na então Vila de Marvão. Seu mandato foi de 1933 a 1935.

“Educado, Gentil costumava cumprimentar as pessoas quando passava e atendia bem a todos em seu comércio. Era costume do Coronel, dar uma volta pela pequena vila montado em seu cavalo e quando se ouvia, alguém chamar por Atanásio, um de seus funcionários, todos já sabiam que era para o empregado preparar o Príncipe, o cavalo de passeio”, disse Waldeburg Sales.

Imagine aí caro leitor aquelas novelas de época, pronto. A vestimenta de nosso personagem era como aquelas dos atores. Uma calça listada, uma camisa e um colete com uma gravata borboleta. No colete havia um bolso em cima onde era colocado o relógio de algibeira e um currimboque para guardar o fumo picado. Gentil também tinham alguns negócios em Crateús no Ceará e lá como aqui, eraa dono de muitas posses.

A residência do Coronel Gentil

Inspirada na arquitetura colonial brasileira esse tipo de construção era comum entre as casas de pessoas de posse da época na então Vila de Marvão, atual Castelo do Piauí. Com características próprias, geralmente eram casas de um pavimento, ou com sobrados, as telhas de barro eram utilizadas para cobertura das residências.

Gentil Cardoso também tinha um sobrado na Rua Pedro II, esquina com a Félix Pacheco. O rico morador da vila possuía além das casas, muitas terras e fazendas no interior do município, a foto da casa que ilustra o texto fica no Quadro da Igreja, existindo hoje somente suas ruínas.

Infelizmente o centro histórico de Castelo do Piauí vem perdendo suas características nos últimos anos com as construções seculares sendo demolidas para dar lugar a modernas residências e a diversos pontos comerciais.

Se não for feito algo pelo poder público junto ao IPHAN com pelo menos um  projeto de tombamento das fachadas, em pouco tempo o lugar que a Coroa Portuguesa doou uma légua de terra em quadra para a construção das primeiras casas da Vila de Marvão perderá totalmente suas características coloniais.

Texto e foto: Augusto Júnior Vasconcelos.
Colaboração: Francisco Waldeburg Sales.

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