Distante cerca de 190 km de Teresina, a cidade de Castelo do Piauí já foi um dia chamada na língua dos nativos de, Ubiara, que quer dizer algo similar à Terra de Água Boa, pelos vários indícios tanto indígenas quanto primitivos que remontam ao Paleolítico bem como suas inúmeras formações rochosas de origem paleozoica, é um verdadeiro tesouro para a arqueologia, geologia e a geomorfologia.
O município de Castelo está na região centro-norte do estado do Piauí, situando-se na latitude Sul 5° 19’ 20” e longitude Oeste 41° 33’ 09” com uma altitude na sede de 239 metros acima do nível do mar. Limita-se ao norte com Sigefredo Pacheco e Juazeiro do Piauí; ao sul com São Miguel do Tapuio; a leste com Juazeiro do Piauí e Buriti dos Montes e a oeste com Novo Santo Antonio e São João da Serra.
Existem na região, fortes indícios da presença do homem primitivo através das inscrições rupestres (gravuras e pinturas) grafadas nos imensos paredões de pedra e também nos vários artefatos e material lítico, confeccionados para o uso no cotidiano, como machadinhas de índio e dos pilões feitos nas rochas.
Essas populações que deixaram marcas espalhadas por quase todo o município, eram denominadas de tradições, que dependendo das características, recebiam as denominações de Nordeste, Agreste e Geométrica.
São definidas de Nordestes as figuras de antropomorfos (Pessoas), zoomorfos (animais) e fitomorfos (plantas) que apresentam e dando ideia de movimento com um dinamismo característico. Eram representadas cenas do cotidiano, como cerimonial religioso, lutas, atos de sexo, etc.
Os registros da Tradição Agreste são rudes, e em dimensões maiores que a Tradição Nordeste e na maioria das vezes representam seres estáticos, sem movimento. Nesta classificação, as figuras de antropomorfos apresentam-se de forma isolada, sendo difícil a interpretação e nela existem diversas representações de lagartos, répteis comuns no ambiente seco da caatinga.
Já a Tradição Geométrica é caracterizada por pinturas que representam uma maioria de grafismos puros com rabiscos e símbolos geométricos. É na Serra de Ibiapaba, limite com o Ceará, onde existe a maior concentração.
As pinturas eram feitas usando a hematita, um composto formado por óxido de ferro, misturado a um corante retirado da própria vegetação que em seguida era aquecido, ficando nas cores vermelha (hematita pura) e amarela (hematita hidratada).
Castelo além de ter umas das maiores concentrações de arte rupestre do Piauí, possui um diferencial em relação aos demais lugares com a presença das pinturas, porque os seus sítios também podemos facilmente encontrar a policromia, que é a variedade de cores nas pinturas rupestres. Além das cores mais comuns nos sítios (vermelho e amarelo) existem ainda o preto e o branco.
Por não terem sido feitos, estudos mais aprofundados nas pinturas dos sítios arqueológicos de nossa região, não podemos classificá-las em nenhuma dessas tradições citadas, e sim dizer que existem muitas semelhanças com tais.
Já foram catalogados mais de 70 sítios arqueológicos que estão espalhados por quase toda a zona rural da cidade, com destaque para a comunidade Picos dos André, que se passarmos uma semana percorrendo a região, não conseguiremos visitar todos os sítios. Também merece mencionar a Pedra do Castelo, o Castelinho dos Tucuns dos Miguel, o Esporão Eco Parque, Barrocas dos Miguel, Furna das Brotas, Furna do Resfriado, Morro do Jatobá, Furna Grande dentre muitos outros lugares que guardam esses registros.
Essas formações rochosas presentes no município com idades entre 400 a 250 milhões de anos, são verdadeiros testemunhos geológicos dos mais variados acontecimentos da história da Terra.
Indígenas
As cavernas ou furnas, como são conhecidas na cidade, também apresentam marcas
e indícios de algumas tribos indígenas, como os Tabajaras que desceram a Serra
da Ibiapaba e os Tacarijus, grupo pertencente à etnia Tapuia, na região
fronteiriça com o Ceará.
Segundo Pe. Cláudio Melo no livro “O Mártir do Padre Pinto”, o provável local do massacre do jesuíta está localizado na área que vai desde os paredões rochosos dos Picos dos André até a fazenda Cabeça do Tapuia, que corresponde ao atual município de São Miguel do Tapuio.
Mesmo alguns autores defendendo a tese que essas tribos foram totalmente
exterminadas, na região já foram encontrados muitos artefatos, como
instrumentos de pedra, material lítico, arcos de madeira (bestas) usados para
caça, além de costumes e hábitos da cultura desses povos etc.
Texto: Augusto Júnior Vasconcelos.
Fotos: Augusto Júnior Vasconcelos e Juscelino Reis.
Apoio Cultural:
2 Comentários
Excelente trabalho Augusto Júnior. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado meu irmão.
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